Hoje a aranha de estimação que pendia entre o monitor e a estante da sala apareceu morta. Sua teia estava completamente vazia. Ficou assim por toda a semana em que o aracnídeo me fez companhia nas solitárias horas de almoço e nas noites insones de digitação.
Uma vez tentei jogar um pernilongo que peguei, na teia dela. Passou direto. Também deciidi respeitar o orgulho do predador e esqueci da caridade.
A teia ficou vazia, e o tempo passou. Pacientemente a aranha ficou ali no meio da teia, esperando e esperando algum inseto ficar preso. Mas inseto algum ficou preso. A teia era invisível. A aranha parecia presa ao éter, meditando sua fome. Bem, imaginei que era essa a vida de uma aranha. Como um sniper pacientemente espera a linha de visão se limpar de obstáculos, a aranha espera o erro do inseto para enredá-lo.
Hoje ela estava morta caida em cima do pote vazio de batata Pringles, onde guardo uma bala de goma que ganhei a tres meses. Assim como a bala esperava ser comida, a aranha esperava sua comida. Hoje as duas estão perto. A aranha não precisa mais esperar pacientemente seus insetos, e eu lembrei que guardei ali minha bala de goma.
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