Não precisa me perguntar. Eu já sei o que você está pensando. Eu já sei o que você quer saber. Mas também sei que não preciso te responder, já que sei inclusive porque você pergunta. Não tenho nada a ganhar (ou a perder) dizendo o que se passa em sua mente, sendo que você mesmo sabe o que pensa. Talvez algumas vezes prefira negar, mas sabe. E negar também não é errado. Colocar bordas em sua estrada de pensamentos. Talvez represá-los em sua boca. Talvez esconder suas idéias para si por motivos que você já deve saber que eu sei.
Ao mesmo tempo, para que motivo não dizer se eu sei? Simples, porque eu sei e seria repetir. Não precisa se repetir, então. Eu sei quantas vezes você pensa nisso também.
Quem sou eu... quem sou eu? Eu sou. O pai e o filho de mim mesmo. Ao começo e ao fim o começo e o fim. E isso é mais que eu poderia dizer do que não é em mim. O que eu não sei. Isso é o que não existe. E se o que não existe não é, não há o que não exista.
Eu mesmo existo? Se sou o começo e o fim, como posso existir se há apenas o meio? O começo já foi, é passado. O fim é o futuro. Se sou o começo e o fim então... então eu não existo.
Afinal, de que outra forma eu poderia ser o pai e o filho? Como eu poderia saber o que você pensa? Como seria eterno?
Não. Não posso acreditar. Então eu não existo! Então qual é o meu propósito se o que sei me nega?
Mas espere... Não precisa perguntar. Eu já sei o que você está pensando.