quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Onde os Espelhos não Mentem

Olhou para o espelho por muito tempo. Sua vista começou a se tornar confusa de tanto tempo que fitou o vidro de se ver. Esperava encontrar alguém conhecido mas lá estava aquela pessoa estranha. Olhando para ela como quem a conhece, mas quem era aquela pessoa? Quer dizer, devia ser ela, já que se movia da mesma forma... já que estava no espelho... mas não era ela.
A luz do banheiro mudou e os sons da rua desapareceram. Apoiou as mãos na pia no mesmo instante que a imagem o fez. E então tocou seus lábios no mesmo instante que a pessoa no espelho. Sem saber quem era aquela pessoa.
Estranho demais, mas o olhar no espelho parecia conhecê-la, mas ela não sabia quem estava ali. Era angustiante demais.
Foi então que o sol se pôs e a luz foi embora. Foi então que percebeu que sem aquela luz ela mesma não existia, não podia se ver ou saber onde começava e onde terminava. Foi então que percebeu que era ela o reflexo no espelho.
A luz então se apagou. A estranha foi embora sem jamais notar um rápido instante de agonia em seu reflexo, que desapareceu de forma tão cotidiana.

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